quinta-feira, 30 de outubro de 2008

RELAÇÕES INTER-RACIAIS AUMENTAM NOS E.U.A




O número de casamentos inter-raciais nos Estados Unidos aumentou mais de 10 vezes entre 1970 e 2000, como conseqüência de uma mudança radical na atitude da sociedade em relação a essas uniões, de acordo com um estudo do Population Reference Bureau (PRB, Escritório de Referência sobre População), com sede em Washington. Devido em parte ao aumento da imigração e das pessoas que recebem educação terciária, a porcentagem de casais com cônjuges de diferentes etnias cresceu de 1% em 1970 para mais de 5% em 2000, afirma o PRB. Os casais inter-raciais aumentaram de aproximadamente 300 mil em 1970 para 1,5 milhão em 1999 e mais de três milhões em 2000, diz o informe de 36 páginas intitulado "Novos casamentos, novas famílias: O casamento inter-racial e inter-hispânico nos Estados Unidos".


Esta tendência, que não dá sinais de redução, sugere que os Estados Unidos estão passando de uma "saladeira" (onde cada grupo racial mantém sua identidade separada e resiste a casamentos com outros grupos) para um "crisol", muito mais aberto às relações, inclusive aos casamentos inter-raciais. Por sua vez, este tipo de casamento implica o nascimento de mais crianças bi-raciais ou multirraciais. Dos 281 milhões de norte-americanos registrados no censo de 2000, mais de 2,4%, ou sete milhões de pessoas, se declararam "multiétnicos". O PRB sugeriu que provavelmente essa cifra seja maior. O censo de 2000 foi o primeiro a incluir a categoria "multiétnica", junto com outras 15 categorias raciais, 11 delas da Ásia e do Pacífico.


Os homens negros são mais propensos a casar com pessoas de outras raças do que as mulheres negras, enquanto as asiáticas são mais propensas do que os homens asiáticos. Por outro lado, um quarto dos casais hispânicos são "inter-hispânicos", e os norte-americanos jovens e com alto nível de instrução são mais propensos ao casamento inter-racial do que os de mais idade e de menor instrução. Outro dado mostra que entre 1970 e 2000 o número de crianças que vivem em famílias inter-raciais se multiplicou por quase quatro, passando de 900 mil para mais de três milhões, enquanto os que vivem em famílias inter-hispânicas se multiplicaram por quase três, de 800 mil para dois milhões, concluiu o PRB.


A mudança nas atitudes raciais nos últimos 30 anos teve um papel fundamental no florescimento de uniões inter-raciais, que no final do século XIX eram ilegais na maioria dos Estados norte-americanos. Depois da Segunda Guerra Mundial, as leis começaram a mudar na medida em que soldados dos Estados Unidos se casavam com mulheres japonesas e que o movimento pelos direitos civis começava a questionar normas discriminatórias nos tribunais. Em 1967, a Suprema Corte determinou que todas essas leis eram inconstitucionais, embora o Alabama somente tenha revogado as suas em 2000.